Após 15 rodadas de votação, EUA elege Kevin McCarthy como novo presidente da Câmara dos Deputados Americano

Atualizado em 10 de janeiro de 2023 às 11:14 pm

O deputado Republicano do vigésimo distrito da Califórnia Kevin McCarthy é eleito o presidente da Câmara dos Deputados Americana da 118° legislatura e comandará a Casa pelos próximos dois anos. Por uma votação de maioria absoluta de 216 votos em seu nome contra 212 do candidato Democrata, Hakeem Jeffries, após 15 rodadas de votação e concessões a ala conservadora do partido republicano, encerrou um impasse histórico de sequência de votações fracassadas que não ocorria desde 1850.

O presidente da Câmara dos Representantes, conhecida como “speaker”, é o terceiro posto mais poderoso na política americana. Essa posição dá a McCarthy autoridade para bloquear a agenda legislativa do presidente Joe Biden, forçar votações para as prioridades republicanas em economia, energia e imigração e avançar em investigações de Biden e seu governo.

McCarthy foi eleito pela primeira vez para a Câmara em 2006 e rapidamente galgou espaço na política interna da legenda. No começo da carreira era tido como representante da ala jovem moderada, os “young guns” (armas jovens). Atua como líder do partido Republicano desde 2014, e é reconhecido como um dos liberais moderados, apoiando pautas mais duras e de ideologia conservadora nos EUA como imigração, criminalidade e direitos humanos, mas também repetidas vezes atacou o ex-presidente Trump a respeito dos intentos de ruptura democrática praticados pela invasão ao Capitólio, responsabilizando Trump pelos atos que levaram a morte de cinco pessoas.

Fruto destas declarações e do embate com o presidente Trump que a ala mais conservadora e “Trumpista” do partido Republicano foi resistente ao nome de McCarthy para assumir a presidência da câmara americana, especialmente em razão do resultado abaixo do esperado nas eleições do congresso americano no meio do ano, as chamadas “mid-terms”, assim como do cenário eleitoral das eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos que terá Donald Trump como um dos candidatos internos do partido Republicano.

Essa divisão do partido republicano e a resistência da ala dos conservadores “linha-dura” que votaram repetidamente contra McCarthy, impediram por 14 rodadas que ele não tivesse a maioria absoluta apesar do partido republicano ter a maioria no congresso (222 cadeiras), demonstra uma importante divisão dentro do partido, o que pode ser sinal de uma transição na política interna do congresso americano para uma moderação com a ala democrata para temas políticos que McCarthy discorda veementemente com a ala Linha Dura.

No entanto, há de se notar que as negociações e concessões que McCarthy precisou articular para que os últimos Republicanos linha dura o apoiassem serão decisivas para as próximas eleições, como por exemplo:

– Medidas de enfraquecimento do poder do próprio cargo, como uma mudança central no regimento interno: a partir de acordo, um único parlamentar poderá propor uma moção para destituí-lo do cargo;

– O compromisso de que os deputados mais conservadores não enfrentarão opositores da atual maioria nas primárias para reeleição em distritos considerados seguros para a extrema direita do partido;

– Pautar projetos sobre segurança nas fronteiras e de limitação ao número de mandatos de um deputado, bem como alterar o teto de gastos da Casa;

– Ampliação do número de membros do Freedom Caucus (conservadores linha dura) nos mais importantes comitês da Câmara, inclusive o responsável pelas regras da Casa, bem como aumentar o número de emendas a projetos de lei.

Destaca-se que somente após a eleição de um líder a Câmara dos Representantes pode empossar seus novos deputados, decidir os integrantes das várias comissões, apresentar projetos de lei, ou abrir qualquer uma das investigações prometidas contra o governo do democrata Joe Biden.

AGF Advice Consultoria Legislativa, Tributária e Empresarial

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