BAIXA NO CADASTRO DA RECEITA FEDERAL NÃO PROVA EXTINÇÃO DA EMPRESA

Atualizado em 17 de dezembro de 2019 às 5:30 pm

O distrato societário implica apenas a dissolução formal da sociedade empresarial, mas não é capaz de extinguir a sua personalidade jurídica, o que ocorre somente após o encerramento da liquidação e averbação da ata da assembleia dos sócios.

A conclusão é da 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ao prover apelação da União – Fazenda Nacional, inconformada com a sentença que extinguiu uma execução fiscal sob o argumento de que a empresa devedora não existia juridicamente.

Para os desembargadores, entretanto, se a executada não demonstra se encontrar juridicamente extinta, tem de se desincumbir de suas obrigações fiscais.

Ausência de pressuposto processual

Segundo a sentença combatida, antes de a Fazenda Nacional ajuizar a ação de execução fiscal a empresa já tinha “dado baixa” perante a Receita Federal. “Ora, tendo a execução sido direcionada contra pessoa jurídica que não mais existia quando da propositura da ação, evidente a ausência de pressuposto processual subjetivo indispensável à existência da relação processual. Por conseguinte, resta a este juízo extinguir a execução fiscal”, ponderou a juíza Dra. Adriana Regina Barni Ritter, da 2ª Vara Federal de Criciúma (SC).

A União inconformada com a sentença prolatada, apelou sustentando que a execução fiscal deveria prosseguir, já que não há prova de que a pessoa jurídica tenha sido regularmente extinta. Argumentou que a “baixa” é um ato meramente cadastral, que não se confunde nem substitui com as fases de encerramento da personalidade jurídica – dissolução, liquidação e extinção.

Liquidação societária

O relator da apelação, desembargador federal Sebastião Ogê Muniz, deu razão à defesa da União, por também entender que distrato societário significa dissolução da sociedade, não a sua extinção. Além disso, para o desembargador relator, os autos não trazem prova do “regular procedimento” de liquidação da sociedade. Afinal, a informação de “baixa no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)” não é suficiente para comprovar a efetiva extinção da personalidade jurídica da empresa.

“A extinção da sociedade somente ocorre após o encerramento da liquidação (procedimento em que é realizado o ativo, pago o passivo e partilhado o remanescente entre os sócios ou acionistas) e a averbação da ata da assembleia dos sócios que aprova as contas prestadas pelo liquidante”, concluiu no voto.

Acesse à integra do acórdão proferido nos autos da Execução Fiscal n° 5009085-28.2019.4.04.7204/SC.

Com Informações do Consultor Jurídico

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