CÂMARA CONCLUI VOTAÇÃO DA MP QUE REDUZ MINISTÉRIOS E TRANSFERE COAF PARA ECONOMIA
Atualizado em 24 de maio de 2019 às 4:28 am
O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu no dia 23 de maio, a votação da medida provisória da reforma administrativa (MP 870/2019 – PLV 10/19), de autoria do Poder Executivo, que dispõe sobre a reorganização e a estrutura ministerial do Poder Executivo.
O texto-base do projeto, que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios, foi aprovado no dia 22 de maio. Em face, do encerramento da sessão, a análise das demais propostas foi realizada no dia 23 de maio.
A proposta aprovada pelos Deputados mantém o projeto da comissão mista do Congresso, que transfere do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Economia o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), responsável pelo combate a fraudes financeiras e de lavagem de dinheiro.
Dentre as adaptações salutares ao Governo, inclui-se a redução do número de Ministérios e a busca de ação integrada entre os diversos órgãos, evitando-se ações incoerentes e incompatíveis no âmbito da alta administração federal.
Os deputados também aprovaram retirar do texto um trecho que estabelecia que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações ficaria responsável pelas atribuições da Secretaria-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Após acordo realizado entre os partidos, o Plenário aprovou os dois destaques que estavam pendentes.
A seguir apresentamos esclarecimentos acerca dos principais dispositivos da MP em questão:
– COAF
Por um placar de 228 votos a 210, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fica sob a responsabilidade do Ministério da Economia e não da Justiça e Segurança Pública. O Coaf foi criado em 1998 e é responsável por investigações relacionadas à lavagem de dinheiro a partir de informações repassadas pelo sistema financeiro sobre movimentações suspeitas de recursos.
O Ministério da Economia assumiu ainda as atribuições dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Trabalho, extintos. Incorporou também as atividades da Previdência Social, que já estavam no antigo Ministério da Fazenda desde o governo anterior.
O projeto de lei de conversão retorna para a pasta econômica as competências sobre registro sindical, política de imigração laboral e cooperativismo e associativismo urbano. Por outro lado, o Ministério da Economia perde para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações a atribuição de definir políticas de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços.
– Auditores da Receita
De acordo com o texto aprovado, auditores fiscais só seriam autorizados a compartilhar com outros órgãos e autoridades indícios de crimes tributários. A proposta proíbe o auditor da Receita Federal de investigar crime que não seja de ordem fiscal.
A medida foi incluída no texto da MP 870/2019 pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). Esse dispositivo acabou sendo retirado com a promessa de ser rediscutido na forma de projeto de lei para o qual será aprovado regime de urgência na próxima semana.
– Recriação dos ministérios
O projeto aprovado previa o desmembramento do Ministério do Desenvolvimento Regional com recriação de duas pastas, Integração nacional e Cidades. Na votação, foi mantida a fusão dos dois ministérios extintos no Ministério do Desenvolvimento Regional. Durante a votação que se iniciou no dia 22 de maio, os parlamentares também votaram outros destaques, como por exemplo, rejeitaram a recriação do Ministério da Cultura e do Ministério do Trabalho.
– Funai
Umas das alterações da proposta, foi a retirada a demarcação de terras indígenas do Ministério da Agricultura e colocaram sob a guarda da Fundação Nacional do Índio (Funai), que, pelo projeto, volta a ser vinculada ao Ministério da Justiça. Pelo texto da MP, a Funai está subordinada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos.
– Política indigenista
Outra mudança feita pela comissão mista na medida provisória e mantida pelo Plenário é a volta do Conselho Nacional de Política Indigenista ao Ministério da Justiça, saindo do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Entre as atribuições do conselho estão os direitos dos índios e o acompanhamento das ações de saúde desenvolvidas em prol das comunidades indígenas. Já as situações relacionadas à produção agrícola em terra indígena continuam com o Ministério da Agricultura.
– Agricultura
A MP especifica, entre as atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a de controle de resíduos e contaminantes em alimentos.
Entretanto, o Ministério da Saúde também continua com a atribuição de vigilância em relação aos alimentos, exercida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Tramitação
No dia 23/05 foi aprovada a Redação Final assinada pelo Deputado João Roma (PRB-BA), membro da Comissão Mista.
A matéria vai ao Senado Federal, incluindo o processado (MPV 870-A/2019) – (PLV 10/2019). Caso seja aprovada sem alterações, seja para sanção presidencial.
A MP (PLV 10/19) ainda precisa ser analisada pelo Senado e aprovada até o dia 3 de junho, quando perde validade.
Confira abaixo como os partidos votaram em relação à retirada do Coaf do Ministério da Justiça – o voto “sim” representa os deputados favoráveis ao Coaf no Ministério da Justiça e os “não” os que queriam a ida para a Economia:
COMO CADA PARTIDO VOTOU SOBRE O COAF:
Sim = manter com Moro / Não = tirar de Moro
partido | bancada | voto sim | % voto sim na bancada | voto não | % voto não na bancada | % ausentes + abstenções |
---|---|---|---|---|---|---|
PT | 55 | 1 | 1,8% | 53 | 96,4% | 1,8% |
PSL | 54 | 53 | 98,1% | 0 | 0,0% | 1,9% |
PP | 39 | 4 | 10,3% | 27 | 69,2% | 20,5% |
PL | 38 | 7 | 18,4% | 19 | 50,0% | 31,6% |
PSD | 36 | 30 | 83,3% | 1 | 2,8% | 13,9% |
MDB | 34 | 8 | 23,5% | 18 | 52,9% | 23,5% |
PSB | 32 | 17 | 53,1% | 13 | 40,6% | 6,3% |
PRB | 31 | 8 | 25,8% | 19 | 61,3% | 12,9% |
PSDB | 30 | 21 | 70,0% | 5 | 16,7% | 13,3% |
PDT | 28 | 8 | 28,6% | 19 | 67,9% | 3,6% |
DEM | 27 | 9 | 33,3% | 11 | 40,7% | 25,9%* |
SD | 14 | 2 | 14,3% | 11 | 78,6% | 7,1% |
Podemos | 11 | 9 | 81,8% | 0 | 0,0% | 18,2% |
PTB | 11 | 4 | 36,4% | 4 | 36,4% | 27,3% |
Pros | 10 | 5 | 50,0% | 1 | 10,0% | 40,0% |
Psol | 10 | 0 | 0,0% | 6 | 60,0% | 40,0% |
Cidadania | 8 | 5 | 62,5% | 0 | 0,0% | 37,5% |
Novo | 8 | 8 | 100,0% | 0 | 0,0% | 0,0% |
PC do B | 8 | 0 | 0,0% | 8 | 100,0% | 0,0% |
PSC | 8 | 1 | 12,5% | 4 | 50,0% | 37,5% |
Avante | 7 | 1 | 14,3% | 5 | 71,4% | 14,3% |
Patriota | 4 | 3 | 75,0% | 1 | 25,0% | 0,0% |
PV | 4 | 3 | 75,0% | 0 | 0,0% | 25,0% |
PMN | 2 | 2 | 100,0% | 0 | 0,0% | 0,0% |
PHS | 1 | 1 | 100,0% | 0 | 0,0% | 0,0% |
PRP | 1 | 0 | 0,0% | 1 | 100,0% | 0,0% |
Rede | 1 | 0 | 0,0% | 1 | 100,0% | 0,0% |
sem partido | 1 | 0 | 0,0% | 1 | 100,0% | 0,0% |
total | 513 | 210 | 40,9% | 228 | 44,4% | 14,6% |
Com informações da Agência de Notícias da Câmara dos Deputados