Reflexo das eleições na composição da Câmara dos Deputados em 2023
Atualizado em 04 de outubro de 2022 às 10:29 pm
Neste domingo (2/10), foram eleitos os 513 deputados federais para a Câmara dos Deputados.
A eleição dos deputados federais que vão estrear no cargo no ano que vem representou um índice de renovação na Câmara dos Deputados de 39,38%, de acordo com cálculos da Secretaria-Geral da Mesa da Casa. As novas regras para tirar espaço de partidos nanicos e candidatos inexpressivos tiveram efeito na eleição, alterando as bancadas.
Trata-se de uma queda em relação à renovação recorde de 47,37%, registrada nas últimas eleições em 2018, contudo, foi a segunda maior das últimas duas décadas. O perfil da renovação é diferente do de 2018, quando novatos na política ganharam espaço. Temos parlamentares que já tiveram mandato na Câmara e estão retornando, como Chico Alencar (PSOL-RJ), Alberto Fraga (PL-DF), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Roseana Sarney (MDB-MA).
A renovação corresponde aos 202 deputados novos e 311 reeleitos em 2023, que nunca exerceram o mandato na Casa Legislativa. A queda na renovação ocorre pelas vantagens de quem disputa uma reeleição, em face de recursos de campanha e emendas parlamentares, bem como pela mudança na regra das sobras e pelo ambiente político atual.
O Estado do Acre foi o que registrou a maior renovação, com a reeleição de apenas uma parlamentar. As outras sete cadeiras serão ocupadas por novos deputados. O Amapá também registrou um alto índice de renovação: dois deputados foram reeleitos e seis são novatos.
No Rio Grande do Sul, dentre as 31 vagas, apenas sete cadeiras, ou 22,5% das vagas, serão ocupadas por novatos.
Composição Partidária da Câmara dos Deputados
Destaca-se que, além da importância política de se conseguir um resultado expressivo na eleição, 95% dos recursos do Fundo Partidário é utilizada para manter mês a mês os partidos e é distribuído conforme o número de votos dos deputados eleitos na Câmara dos Deputados.
Ademais, é possível observar que a nova composição é mais centro-direita e conservadora do que a atual. O tamanho das bancadas é fundamental na atuação parlamentar. As presidências das comissões e as vagas na Mesa Diretora são definidas a partir da proporcionalidade partidária, ou seja, as maiores legendas ou blocos ocupam os cargos de maior importância na Casa.
A composição também tem impacto direto na governabilidade do presidente eleito, já que ele terá de negociar a votação das pautas prioritárias com as legendas.
Vejamos a seguir o infográfico dos deputados eleitos de acordo com as suas bancadas partidárias.
A sigla do candidato à Presidência da República, presidente Jair Bolsonaro, Partido Liberal (PL), conseguiu eleger as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado. No total, foram eleitos 99 deputados federais, um aumento de 23 parlamentares em relação à legislatura atual (76).
A última vez que um partido elegeu um número tão expressivo de congressistas foi em 1998, quando o antigo PFL (depois DEM e hoje União Brasil) elegeu 105 deputados federais e o PSDB, 99.
O PT, legenda do outro candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou 12 deputados, passando de uma bancada atual de 56 integrantes para 68 deputados a partir de 2023. Porém, a federação que o PT constituída com o PCdoB (6 deputados) e o PV (6 deputados) totalizará 80 deputados. As federações partidárias são uniões entre partidos que devem perdurar por pelo menos quatro anos.
Na esteira, os partidos da esquerda elegeram 138 deputados federais. A federação Brasil da Esperança, formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV), elegeu 79 deputados, um aumento de três congressistas.
Já o PP é o partido que mais perderá integrantes na Câmara dos Deputados na próxima legislatura. A bancada atual de 58 integrantes será reduzida para 47 parlamentares.
Outro partido que sofreu perda de integrantes na Câmara foi o PSB, que atualmente conta com uma bancada de 24 deputados e passará a ter 14 deputados na próxima legislatura.
O PSDB também contará com menos deputados: a legenda conta hoje com 22 deputados e passará a ter 13. Entretanto, a legenda formou federação com o Cidadania, que contava com 7 e elegeu 5 deputados, totalizando uma bancada conjunta de 18 integrantes na próxima legislatura.
Já o União Brasil ganhou 8 deputados no pleito. A bancada passará dos 51 integrantes atuais para 59 deputados.
O PSD passou de 46 deputados para 42; o MDB, que aumentou de 37 deputados para 42; o Republicanos, que conta com 44 deputados e elegeu 41; e o PDT, que tem 19 deputados e passará a ter 17.
Já a federação Psol-Rede, que tem bancada atualmente de 10 deputados, contará com 14 deputados a partir de 2023, sendo 12 do Psol e 2 da Rede. Hoje, o Psol tem uma bancada de 10 deputados; e Rede, de 2.
Candidatos eleitos com maior número de votos
Dentre os mais votados, metade deles foram eleitos pelo estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país com mais 34 milhões de pessoas aptas a votar.
O candidato a deputado federal mais votado nas eleições 2022 foi o bolsonarista Nikolas Ferreira (PL), eleito com 1.492.047 por Minas Gerais.
Em segundo lugar no ranking dos mais votados ficou Guilherme Boulos (PSOL), coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MST) e da Frente Povo Sem Medo, eleito por São Paulo com 1.001.472 .
Em terceiro e quarto lugar entre os deputados mais votados nas eleições 2022 estão os representantes do bolsonarismo Carla Zambelli (PL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), respectivamente. Zambelli recebeu 946.244 votos, número 12 vezes superior aos 76.306 votos que havia recebido em 2018.
Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do meio ambiente no governo de Jair Bolsonaro, foi o quinto candidato mais votado no país, com 640.918 votos.
Já a ex-ministra do meio ambiente do governo Lula, Marina Silva, também eleita, recebeu 237.526 votos.
O ex-coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR) também está entre os deputados federais mais votados de 2022, com 344.917 votos.
Candidata mais idosa e Candidato mais jovem eleito
A deputada Luiza Erundina (Psol-SP), reeleita para o sétimo mandato, é a parlamentar mais idosa da Câmara, com 87 anos.
O deputado mais jovem tem 21 anos e assumirá seu primeiro mandato na Câmara em 2023: o atual vereador Amom Mandel (Cidadania-AM), candidato mais votado no seu Estado.
O deputado mais idoso e com o maior número de mandatos – é o deputado Átila Lins (PSD-AM), que em 2023 vai assumir o nono mandato, aos 72 anos.
Candidato com maior tempo de mandatos na Câmara dos Deputados
O deputado mais longevo, com o maior número de mandatos é o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), que em 2023 vai assumir o nono mandato aos 76 anos. Ele será o presidente da sessão que vai eleger o presidente da Câmara na próxima legislatura.
O deputado Átila Lins (PSD-AM) também vai assumir o nono mandato no próximo ano, com 72 anos de idade.
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